terça-feira, 19 de junho de 2012


ENSINO OBRIGATÓRIO?!

Desde que comecei a dar aulas e a estudar legislação educacional, um ponto em especial sempre me chamou a atenção: a obrigatoriedade do Ensino Fundamental. Reconheço a necessidade de obrigar os pais a matricularem seus filhos na escola, mas reconheço que essa medida traz alguns problemas para quem está dia-a-dia na escola. Primeiro nos deparamos com uma grande parcela dos alunos, principalmente os do Ensino Médio, repetindo diariamente que estudo não serve para nada ou que acham que nunca vão conseguir entrar numa universidade.... Até aí, o segundo ponto é o mais fácil de resolver, ao meu ver. Com o tempo e a rotina, se vai, aos poucos, colocando na cabecinha deles que a ideia da universidade é algo muito mais possível do que se pode imaginar, ainda mais nos dias de hoje, com cotas, bolsas de estudo, Prouni.....Sempre comento com eles que quando eu entrei na UFRGS, não tinha nenhuma dessas políticas e que hoje o acesso está menos difícil. 
Tenho o costume de pensar sobre o meu tempo de estudante e lembro que pra mim e para a maioria dos meus colegas, estudar era importante, tínhamos planos quando saíssemos do colégio... Tudo bem, eu estudei em escola pública, mas não era de periferia, eu sempre tive recursos materiais para estudar, não precisei trabalhar, etc, etc. Mas eu acho que tive o mais importante e que as vezes falta para esses meus alunos desmotivados pelo estudo: incentivo em casa. Adultos que te digam que estudar é importante, que se pode planejar a vida baseado numa formação intelectual. 
Agora vocês vão pensar que eu acho que os pais dos meus alunos são uns toscos, ignorantes! Não! Eles apenas não formam pra escola, como os filhos deles. Não foram porque tiveram que trabalhar, porque não tinha uma lei dizendo que se os pais deles não matriculassem eles,  o Conselho Tutelar ia punir esses pais.... Aí acontece que esses pais de hoje, por não terem estudado e por conseguirem, cada um a sua maneira, sustentar famílias, as vezes dizem pros alunos que o estudo não é importante, não se preocupam em olhar cadernos, em perguntar como estão as aulas, se tem prova, etc. 
Claro que existem outros tantos problemas no meio de um pai que não estudou e de um filho que acha que estudo não é bom, mas esse motivo que escrevi acima é um dos meus questionamentos quase que diários... Até que ponto obrigar o ensino é uma forma de incentivar ele?? Se esse medida der certo, vai ser daqui uns 30 anos... Como toda histopriadora, acho que a mudança vai se dar lentamente, como num processo histórico!

3 comentários:

  1. Nossa, Laurinha... Adorei esse lado blogueira! Realmente, são muitas as questões que nos inquietam no dia-a-dia profissional! É difícil chegar a respostas, mas enquanto as questões existirem significa que o povo ainda se preocupa... Enfim... talvez um dia a gente encontre algumas respostas, até lá, é continuar, sem esquecer que ser professor é, sobretudo, trabalhar com questões humanas e não com meras teorias e saberes...
    Beijinhos,
    Clau

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  2. Oi Laura.
    Concordo que essa função da obrigatoriedade é muito mais ampla do que imaginavam na criação da lei.
    O grande problema da nossa sociedade é a falta de perspectiva e ambições. Hoje em dia muita gente vive só no sentido biológico da palavra e acha que tá muito bom.

    Adorei o blog.
    Filipe

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  3. A resposta é a tua conclusão no texto.
    Se surtir efeito, será mais além. Quando os teus alunos de hoje forem os pais da geração que está por vir.
    Não acredito em 30 anos. O retorno será más rápido, uma vez que esses, provavelmente, serão pais ainda bem jovens.

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