domingo, 20 de maio de 2012

Durante esses poucos anos que dou aula passei a acumular muitas vivências e experiências na escola. Desde os casos mais lindos aos mais bizarros, passando pelos engraçados e por aqueles que nenhuma faculdade nos ensina (os mais corriqueiros, por sinal). Acontece que a vida de professor é cheia de atividades e as vezes sobra pouco tempo pra pensar sobre tudo de vemos e vivemos. A ideia de criar um espaço para escrever (e pensar) sobre isso acabou sendo um blog. 
Sempre fui leitora de blogs, como comentei na postagem anterior, mas nunca tive coragem de criar um para mim, talvez por nunca ter pensando em uma temática para ele. Inspirada pela criação do meu amigo e colega de magistério, Bruno, resolvi seguir a onda e fazer um. 
Minha relação com as escolas que dou aula de é amor! A escola que iniciem meu trabalho, EEM Rafaela Remião, localizada na Lomba do Pinheiro (bairro de periferia da cidade) me acolheu muito bem. Lá fiz amigos com os quais sei que posso contar e que estão dispostos para me acompanhar nas ideias e empreitadas que arrumo com os alunos. Por falar em alunos, essa escola tem criaturas divinas!!! Minhas melhores (e piores) turmas estão lá. No Rafaela dou aula para o Ensino Fundamental, aprendo diariamente a falar a língua das crianças, tão distante da língua da academia, aquela que me ensinaram durante cinco anos. Aprendi a gostar de Pré-História e Grécia Antiga com minhas turmas de sexto ano e afirmo hoje que gosto muito de trabalhar com turmas dessa faixa etária pelas experiências que vivi ao lado dos meus pequenos, que são sempre tão cheios de carinho e amor, duas coisas dais quais eu não sei trabalhar sem! 
A outra escola que leciono guarda uma peculiaridade muito especial. Foi a minha escola durante toda trajetória de estudante. No Instituto de Educação, escola central e de classe média de Porto Alegre, dou aula para o Ensino Médio, majoritariamente. O IE, por ser minha escola, me faz reviver diariamente meus tempos de aluna. E quer coisa mais bonita do que rever sua história dando aula de história? Lá trabalho com adolescentes na faixa etária dos 15 anos e aprendi e aprendo a conviver com esse universo tão dinâmico e rico que é a adolescência de hoje, tão diferente e ao mesmo tempo tão igual a minha. Lá é o lugar que vejo que meu tempo passou e segue passando. Porque no espaço em que eu agora dou aula, vivi inúmeros fatos que meus alunos hoje vivem: festas, provas, amizades, namoros.....

Isso tudo pra dizer que dar aula é muito mais do que passar "conteúdo", do que "vencer matéria", como diz um grande professor meu. Dar aula é viver a vida de muitas pessoas que fazem a escola. É viver a tua vida, viver a vida dos alunos que tem muitas carências, dos que não tem, dos que querem estudar, dos que não querem e vão obrigados para a aula... Nossa matéria-prima são pessoas, talvez daí nosso trabalho ser tão cheio e rico de sentimentos! Bons e ruins! E é justamente isso que faz dele tão maravilhoso! Sim, eu amo o que faço, apesar de as vezes reclamar pra caramba do trabalho! Mas no fundo não me imagino fazendo outra coisa!

Então, não esperem aqui textos e vídeos sobre Segunda Guerra Mundial, sobre Revolução Russa ou sobre o poder dos faraós no Egito Antigo. Esperem textos sobre pessoas, alunos, professores, direções, coordenações pedagógicas, conselhos de classe, saídas de campo.... Esses sim são a escola! 


2 comentários:

  1. adorei o texto!!! queria poder dar aula também... quem sabe um dia...
    bjão,

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  2. Que legal, Laurinha. Gostei muito de ver a tua iniciativa e fiquei muito feliz de ter dado um empurrãozinho nessa aventura. Acho que lecionar é isso mesmo que tu disse, mas acho que um bom professor é aquele que se dedica não só em vencer matéria, em divertir os alunos ou reclamar das dificuldades do magistério. Um bom professor,ao meu ver, é aquele que reflete cotidianamente sobre suas atividades. Porque um bom professor pode errar e erra muitas vezes. Mas ao errar e refletir sobre isso, aprende muito e qualifica o seu trabalho ao levar o resultado dessa reflexão à origem dela, a sala de aula.
    Vou acompanhar com muita alegria esse espaço de reflexão e desabafos!
    Beijão,
    Bruno

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